Errar é humano: trabalhar para corrigir as falhas exige competência dos gestores.
Por Luiz Carlos de Queirós Cabrera
O filósofo Mario Sergio Cortella, um caro amigo, me ensinou uma frase que tenho usado muito em processos de coaching: “Um erro deve ser corrigido, e não punido”. O medo de errar é verdadeiro vaporizador paralisante para profissionais em qualquer momento da carreira. O dever da perfeição, que não deixa de ser uma herança totalitária e positivista, é o maior empecilho à criatividade e à inovação. Claro, estou falando dos erros que representam uma falha, algo que não foi feito com dolo ou má-fé. Estou falando do erro comum que todos podem cometer, mas que somente poucos admitem.
Os ambientes organizacionais que criam a cultura da punição aos erros comuns inibem, desastradamente, a criatividade e tolhem o processo de desenvolvimento das pessoas. O pior é que essa atitude de ameaça de punição vem muitas vezes da escola primária, ou mesmo de pais e mães que, por falta de experiência no exercício da autoridade, usam só o modelo da punição na tentativa de inibir e coibir os erros. Como sabemos que as nossas competências são biográficas, ou seja, evoluem durante a história de vida na medida em que os desafios são enfrentados e superados, essas crianças serão adultos inseguros, dependentes e dissimulados. Entender a natureza do erro cometido e trabalhar para sua correção requer, por outro lado, competência e sabedoria. Essa história de aprender com os erros é verdadeira se houver alguém que avalie o erro e estimule a sua adequada correção. Uma das desculpas mais usadas pelos maus gestores (e pais) é que a escassez de tempo impede a análise do erro e o trabalho de correção. Não é verdade. Aceitar o erro comum, investir tempo na sua análise e planejar a correção é um desafio gerencial dos mais difíceis. Fácil é punir!
O erro na gestão, nas condições que descrevi anteriormente, tem que ser visto não como uma parada obrigatória no que se está fazendo, mas como um simples atraso. Não pode ser visto, quando ele ocorre, como um beco sem saída, mas como um desvio de rota. Pior ainda é profissional falso e hipócrita que acredita que a melhor atitude é esconder o erro ou não falar dele. O erro é para ser discutido, analisado e, aí sim, corrigido. O processo de correção tem de ser um momento de crescimento, de transparência, de abertura. Nunca de crucificação. Pior do que constatar o erro é não aproveitar o momento para aprender.
A história cansa de contar o número de vezes que todos os famosos cientistas e inventores erraram. Se Thomas Edison, Benjamim Franklin ou Albert Einstein tivessem parado no primeiro erro, varias invenções do muno moderno não existiriam ou teriam sido adiadas. Gestão moderna significa ter atitude positiva e corajosa de entender e ajudar a corrigir os erros dos que trabalham à sua volta o ser humano é imperfeito e por isso maravilhosamente humano. Errou? Apague e faça de novo.
Luiz Carlos de Queirós Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro do Executive Board da Amrop Hever Group
“Toda pessoa bem-sucedida é alguém que fracassou, contudo nunca se considerou fracassado”.
– John C. Maxwell